terça-feira, 22 de julho de 2008

Receita de um belo encontro

Mergulha no profundo oceano da poesia.
Subverte tuas idéias mais vãs
E eleva-as ao status de devaneio.
Dilata teus vícios e virtudes.
Despe-te de ti por alguns instantes.
Olha pela janela, mas não enxerga a superfície.
Vai até o fim.

recomeço

As segundas-feiras têm cor de creme.
Normalmente cremes muito doces e com bastante leite.
Só não pode ser qualquer leite.
A temperatura varia com a cor de sua roupa;
As ruas estão alagadas, ainda que não chova;
O barulho é o suficiente para lhe irritar;
Há milhões de veículos nas ruas;
Tudo se apressa... e o tempo NÃO passa;
Ninguém te ouve. Você repete várias vezes a mesma coisa.
As escadas se dilatam.
O vento é um sonífero.
Os palhaços raramente sorriem.

paedagogia

Não há muita interação no mundo da pedagogia.
Há desejo, olhares que fogem, ingenuidade.
A juventude aparece nos pés; a beleza, em cada centímetro.
São átomos perfeitamente arranjados formando um todo coeso, belíssimo, natural.
A cobertura não esconde, mas realça, contorna e engrandece o que não se pode vê.
Ninguém quer ver.
Platão estava correto.
Ah, se drummond enxergara daqui! Escreveria um discurso sobre a poética!
Ela é uma ode à poesia.
Além de fazer uma propaganda de forte apelo ao all star.
Naturalmente...

10 centavos de romance

Eu sempre fui um cara feio. Não um portador daquelas feiúras que assusta, muito menos daquelas que forçam alguém a virar o rosto ao me encontrar em um ônibus, temendo ter complicações na hora do almoço ou quando for tentar pegar no sono de noite. O fato é que eu mesmo tinha bastante dificuldade de me olhar no espelho e encontrar algo que chamasse atenção, algo que eu pudesse exibir ou destacar em meu aspecto físico. Aquele típico homem com cara de caixa de supermercado, o qual só desperta interesse feminino para ser o palhaço da turma ou ainda um “amigo íntimo”. Talvez esse seja um dos motivos que me levaram a abraçar a misantropia como filosofia de vida. A retórica também nunca foi meu forte. Ainda que eu venerasse a arte da palavra, nunca a dominei. Acreditava que todas as pessoas possuíam talento para alguma coisa, contudo eu não havia localizado o meu. Tal ilusão aliada a uma inércia natural me impedia de cometer o suicídio. A minha inutilidade no mundo me conduzia ao soçobro e minha preguiça ao computador. Admirava todas as expressões artísticas, desde as plásticas, passando pela música e pelas artes cênicas. Meu sonho sempre foi produzir algo, ter capacidade de criar alguma das coisas belíssimas que já tivera oportunidade de apreciar, mas me parece que acabei vindo ao mundo sem também passar pela fila da criatividade. Na escola nunca fui bom aluno. Sempre tive dificuldade de entender algumas disciplinas, em especial as que envolviam números. Os números sempre foram um grande mistério para mim. Eu sabia que eles tinham algo a dizer, todavia não compreendia sua linguagem. Mas a coisa que mais me faltava na vida era mesmo o tal do “estímulo”. Qualquer pessoa que tenha intenção de sobreviver precisa de um objetivo ou ainda uma razão para lutar pela vida. Uso a expressão “lutar”, pois não há nada mais complicado que sobreviver na condição de ser humano. E isso se deve basicamente ao fato de que precisamos o tempo todo fazer duas coisas complicadíssimas: tomar decisões e conviver com pessoas. Detesto ter que decidir de que lado da calçada eu vou caminhar.

Lente

"Instantes"

Cachos,
Olhar,
sorriso,
poeira no olho,
brisa marítima,
cigarro,
lábios,
idas...
e vindas.

Libertinagem

Fluidez

O fluido de ouro do mundo moderno
Com as horas atoladas em ventos de outono
Um terremoto enviesado na direção do distante
Flagrante expressão do sentimento alheio
O mundo flui no caminho da liberdade
E as expressões se confundem no instante
Âmago do celeste veste do camponês
Saudade do frio da redenção
Imenso rio que submerge o inconsciente
Profecias irreais e dissociadas dos sons
O sono de longe acelerado ao encontro da identidade
Ouvindo o barulho do anonimato
Temendo regras e censuras à felicidade.


(Poesia Sinestésica. Apreciá-la sentindo cheiro de chuva de primavera, em um ambiente onde predomine a cor amarela, tocando as moléculas de ar em sua volta e degustando um vinho chileno.)

Exatamente

"POEMA DECIMAL"

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