domingo, 24 de agosto de 2008

Dedos

Toques de carinho
Telefone móvel, cama de solteiro, filme de suspense
Sozinho
Saudade ou curiosidade?
Dedos
Calça, camisa e chinelo.
Perfume, chaves, portas
Dedos
Volante, cabeça, nariz
Cabelo recobrindo a dúvida e a insegurança
Abraço com todos os dedos.
Garrafa de cerveja, copo, espuma
Dedos
A língua e o sabor amargo do polegar
Plástico, cigarro e fogo
Fogo produzido pelos dedos
Os dedos também têm medo
E fogem...
E hesitam...
E se escondem.
Na volta pra casa os dedos já não possuem mais aquela inquietude
Já não falam mais como outrora
Apenas repousam sobre o volante
Dedos ébrios de arrependimento
Mínimos,
Anulares,
Médios,
Indicadores
E polegares...
Tão poderosos!
E Reduzidos a DEDOS!

Só de papel

Quero contemplar sua mais perfeita dobradura;
Contemplar o contorno de suas curvas, cada detalhe fornecido por seus dedos...
Ou por seus instintos.
O desabrochar do botão de rosa [róseo] que cresce naturalmente umedecido
E a sordidez da fragrância impura que exala.
O afeto e a concentração em seus moldes transparecem;
Ocultam a tradição pecadora.
Claro que é arte!
E também é filosofia...
Sinto-me descontrolado.
Preciso tocá-la.