Não, já não é mais possível dormir.
O sono sempre pertenceu, por direito irrevogável e inalienável, aos justos.
Os justos não existem mais. Nunca existiram. Mas só agora, depois de dispersada toda a nuvem de altruísmo fétido que sempre subjugou a mente humana, a impossibilidade lógica de pregar os olhos está clara.
A necessidade do descanso produzido pelo sono não passa de uma confortável ilusão. E ninguém suporta mais ouvir de cabeça baixa toda a extraordinária retórica da santíssima ilusão.
A realidade exige uma sociedade acordada e imóvel.
Admira-te com o óbvio! Luta contra a insuportavelmente dolorosa dor do óbvio. Rasteja, chora, grita! mas não percas tempo em tentar se mover.
Não há nada a fazer. Muitos menos dormir.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
envidia
Só de pensar...
Não. Permitam-me uma correção.
Pensar pode trazer equivocadamente a idéia de razão a um ato puramente emocional.
Só de imaginar...
Meus poros se abrem todos ao mesmo tempo. Eu fico epidermicamente vulnerável e sucumbo ao suor.
Apodera-se de mim um desconforto angustiante e começam os gritos. Ninguém pode ouvi-los, mas eles me são assustadoramente perturbadores.
Só de imaginar...
As minhas sobrancelhas são atraídas magneticamente pelo nariz, que por sua vez é fortemente atraído pela boca.
Meu rosto inteiro quer ser infinitesimal. Talvez para traduzir meu estado de espírito.
Uma mistura de tristeza, raiva e inveja. Ou talvez seja puramente inveja.
Só de imaginar...
A dolorosa contração facial é substituída pela raiva inconsequente.
Raiva de mim, de ti, de nós, dessa cidade, desse país, da humanidade, do existir.
É inevitavelmente pelo existir que tudo isso se passa.
A raiva me esquenta o corpo e a alma. Sinto a inquietante oscilação dos átomos.
O aumento da temperatura me traz uma vermelhidão cintilante.
Não. A temperatura não tem nada com isso.
A minha “tomatezação” é moral. Sinto-me envergonhado.
Como sou repugnantemente egoísta!
Tentando esconder a minha insignificância, cubro-me com um sorriso imbecil.
E do turbilhão de sensações inebriantes, surge calma e pacientemente, acompanhada de uns pedaços de esperança medíocres, a frase: “ai como eu queria...”
Não. Permitam-me uma correção.
Pensar pode trazer equivocadamente a idéia de razão a um ato puramente emocional.
Só de imaginar...
Meus poros se abrem todos ao mesmo tempo. Eu fico epidermicamente vulnerável e sucumbo ao suor.
Apodera-se de mim um desconforto angustiante e começam os gritos. Ninguém pode ouvi-los, mas eles me são assustadoramente perturbadores.
Só de imaginar...
As minhas sobrancelhas são atraídas magneticamente pelo nariz, que por sua vez é fortemente atraído pela boca.
Meu rosto inteiro quer ser infinitesimal. Talvez para traduzir meu estado de espírito.
Uma mistura de tristeza, raiva e inveja. Ou talvez seja puramente inveja.
Só de imaginar...
A dolorosa contração facial é substituída pela raiva inconsequente.
Raiva de mim, de ti, de nós, dessa cidade, desse país, da humanidade, do existir.
É inevitavelmente pelo existir que tudo isso se passa.
A raiva me esquenta o corpo e a alma. Sinto a inquietante oscilação dos átomos.
O aumento da temperatura me traz uma vermelhidão cintilante.
Não. A temperatura não tem nada com isso.
A minha “tomatezação” é moral. Sinto-me envergonhado.
Como sou repugnantemente egoísta!
Tentando esconder a minha insignificância, cubro-me com um sorriso imbecil.
E do turbilhão de sensações inebriantes, surge calma e pacientemente, acompanhada de uns pedaços de esperança medíocres, a frase: “ai como eu queria...”
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